sexta-feira, 25 de maio de 2012

We're Not Lonely But We Miss You ...

Por Schirlei Moraes





Dia 25 de Maio de 2011 recebi uma notícia que me deixou muito triste: Minha banda favorita, Silverchair, anunciou separação por tempo indeterminado.

Indeterminado é uma palavra que não aprecio, pois é algo muito relativo e inconstante... Pode significar dias, meses, anos... E para quem é fã, indeterminado é sinônimo de eternidade... E fã que é fã gosta de viver no presente e não no futuro.

Há tempos que aguardávamos o lançamento de um novo álbum e tínhamos o anseio de vê-los novamente em solo brasileiro. Receber este comunicado foi algo devastador para os “chairmaníacos".

Gosto muito de diversas bandas de rock, contudo, Silverchair é a minha favorita por diversos fatores. Além do talento excepcional dos rapazes, em especial do vocalista e guitarrista Daniel Johns, eles estão na minha preferência por fortes fatores emocionais. Acho que nenhuma outra banda me proporcionou tantos sentimentos em ebulição (paixão, admiração, frustração, raiva, surpresa, amor... – risos).

Existe uma linha muito tênue que separada um ídolo de seus fãs e pude perceber isso conforme esse misto sentimental foi aumentando com o passar do tempo. Diferente de outras bandas que também admiro muito onde seus integrantes já eram adultos, com o Silverchair tive a oportunidade de amadurecer juntamente com Daniel, Ben e Chris, torcer por cada conquista, rir com as entrevistas desbocadas, chorar com seus problemas pessoais e cultivar um grande carinho... Carinho que costumamos sentir por aquele amigo de nossa grande estima.






E foi esse vínculo que crie com meus ídolos... De “grandes amigos”.  Silverchair fez parte da minha vida e de minha prima Fernanda de forma única, visceral. Com Silverchair escutamos a mesma canção cem vezes seguida sem enjoar (nesse caso foi a canção Steam Will Rise... Acho que agora vou ficar com sua batida na mente... rsrsrs), sentimos dor no estômago vendo a apresentação da banda no Rock In Rio 3 pela TV como se fosse uma apresentação ao vivo (Céus... o Johns é louco de pedra!! Quem teve a oportunidade de ver o show sabe do que estou falando... rsrsrs), rezamos pela reabilitação de Daniel diante as adversidades de sua saúde, passamos um dia inesquecível no Credicard Hall para prestigiar o show da turnê Across The Night... Um show que esperamos 16 horas na fila debaixo de Sol, frio, com muita canseira para acompanhar cada detalhe minuciosamente na grade. Doces lembranças... = )






Algumas pessoas podem não compreender essa conexão e achar tudo isso um exagero. É difícil explicar algo assim... Acredito que só sentindo. É estranho gostar e admirar tanto pessoas que não fazem a mínima idéia da sua existência e, mesmo assim, ser grato a elas por de um modo ou de outro fazerem parte de sua vida.

Depois de anos acompanhando os passos da banda, acabei fazendo uma recapitulação mental de tudo o que aconteceu durante esse tempo...






A trajetória desses jovens australianos deu início com “Frogstomp”, álbum que já demonstrava o talento e profissionalismo de Johns, Gillies e Joannou, apesar da pouca idade, e que trouxe grandes hits como “Israel’s Son”, “Pure Massacre”, e em especial, “Tomorrow” com fortes características do grunge.






Esta influência sonora manteve-se no segundo álbum ,“Freak Show”. Segundo Daniel Johns, Freak foi uma “explosão da fúria da adolescência”. Sua mistura de letras e sons fortes cativa até hoje os fãs de um rock mais pesado, mais agressivo. A maneira “tensa e intensa” para falar sobre temas como drogas, abuso infantil, preconceito social entre outras coisas polêmicas tornou-se uma característica marcante da banda.






Apesar do som ainda carregar a força do grunge, o álbum trouxe também novas influencias e instrumentos como no caso da minha faixa favorita “Petrol & Chiorine” , onde a melodia melancólica dessa canção é o resultado da exótica combinação de guitarra, baixo, bateria com instrumentos indianos e também mostrou a suavidade dos violinos misturados ao clima “dark” da música “Cemetery".





E é claro que eu não poderia deixar de citar a faixa que leva o nome do álbum: “Freak”, um grande ícone para todos os “Chairfãs”! Uma música poderosa e marcante! Quem já não cantou o refrão: “Body and soul, I'm a freak, I'm a freak”... ?? ” = )

Já o terceiro álbum, “Neon Ballroom”, foi o inicio do “estilo Silverchair”, fugindo das raízes grunges, criando novos sons baseados na mistura de instrumentos e aparelhos novos, eletrônicos e experimentais com instrumentos tradicionais, clássicos ou orquestrais. Daí a inspiração para o nome do álbum: "Neon", representando o novo, e "Ballroom" o tradicional, fazendo deste um trabalho mais conceitual.






Esse amadurecimento musical fez a critica enxergar e respeitar o Silverchair não apenas como “garotos que gostavam de Offspring, Led Zeppelin e Black Sabbath” e “soavam como Nirvana e Pearl Jam”, mas sim como músicos de verdade.

Apartir da “era Neon´, Daniel Johns, mesmo sofrendo graves problemas de saúde, direcionou a banda para esse novo momento profissional, mostrando com apenas 18 anos  uma mente brilhante por meio de um som poderoso com composições expressivas, inteligentes e bastante autobiográficas.
 




A música “Anthem For The 2000” tornou-se um dos “hinos” do Silverchair, juntamente com as faixas “Ana's Song (Open Fire)"  e a famossísima "Miss You Love”, porém, minha favorita é a faixa “Black Tangled Heart”. Essa música é simplesmente MA-RA-VI-LHO-SA!! Sua composição é misteriosa, profunda e me encanta. É uma mistura perfeita da suavidade com a força... Da doce melodia da harpa com o poder dos acordes da guitarra.

Assim como “Emotion Sickness”, esta música simboliza o início da fase experimental da banda que foi fortalecida com o surgimento do quarto álbum: “Diorama".





 
Diorama foi inovador desde o Encarte até mesmo seu nome e significado. Neste trabalho Daniel Johns assumiu o papel de co-produtor e descreveu o álbum como "um mundo dentro de um mundo". Tudo foi pensado de maneira inteligente e minuciosa: os arranjos, as composições, os vocais... Até mesmo Brian Wilson, do Beach Boys, não poupou elogios e a própria crítica australiana disse que o mesmo era mais artístico que os anteriores.

Diorama fugiu totalmente do convecional que os fãs estavam habituados trazendo canções com orquestras, aliadas ao excelente som da guitarra de Daniel, da bateria de Ben e do baixo de Chris mostrando o auge da maturidade artística dos rapazes.






Diorama é um álbum fantástico. Os fãs mais saudosos da “pegada mais Rock N´Roll” podem alegrar-se com as faixas " The Greatest View”, “One Way Mule”, "Too Much of Not Enough” e “The Lever". Já as faixas “Across the Night" e "Tuna In The Brine” são o ponto central das primorosas modificações sonoras do Silverchair. Estas músicas são simplesmente geniais.

O Silverchair sempre deu uma “pausa” de um trabalho para outro. Depois do fabuloso Diorama, eis que surge o quinto álbum da banda, após 5 anos de espera: Young Modern.






No começo estranhei muito YM chegando a ter raiva dele por ser inovador demais!! Rsrsrsr Estava diferente demais!! Nem parecia mais o Chair!!  (risos).

Depois de me habituar a essas repentinas mudanças sonoras que o Silverchair costuma fazer, comecei a gostar do álbum, apesar de ainda preferir Neon Ballroom e Diorama, que foram o ápice a inspiração criativa da banda. De todos, é o trabalho que menos aprecio, tanto que é a primeira vez que num álbum do Silverchair tem uma faixa que eu não gosto: “All Across The World" (odeio essa música!!! É muito chata!!! Parece um velório aquele coral!! Rsrsrs Estragou o álbum!! Sou fã mas, admito também quando não gosto... – risos)




Musicalmente falando, destaco as faixas “ Mind Reader" e "Those Thieving Birds (Part 1) / Strange Behaviour / Those Thieving Birds (Part 2)". Algo em Young Modern me lembra a sonoridade da música de artistas dos anos 60, 70 como é o caso da música “Low”, que em sua introdução soa-me como a canção “My Sweet Lord” de George Harrison. Além disso, YM faz fortes referências ao mundo das artes plásticas como nos clipes das faixas "If You Keep Losing Sleep” e  “Reflections Of A Sound” que mostram claramente a influência de obras de Salvador Dalí, René Magritte e do estilo Dadaísta. O próprio Encarte é uma releitura das pinturas de Piet Mondrian.

Acredito que o nome do álbum surgiu devidamente por causa de todas essas influências, o que combinou perfeitamente com a idéia em questão.

São poucos os artistas que possuem qualidade, criatividade e coragem para criar seu próprio estilo musical, fugindo do certo, do previsível, do comercial. Mesmo ouvindo duras críticas, mesmo desagradando os fãs mais conservadores, o Silverchair nunca teve medo de arriscar-se e é exatamente essa ousadia que sempre me encantou.

Silverchair é uma banda que sempre se reinventou... Cada álbum possuiu características próprias, únicas, passando a sensação que foram feitos por bandas totalmente distintas.





Depois do breve resumo da carreira desses “jovens modernos” e do quão foram importantes para Nanda e para mim, posso dizer que estou triste, porém, não resolvi escrever esse texto com o intuito de um “adeus”. Tenho esperança que isso sejam apenas umas “férias musicais”, um momento de reflexão na busca de novas inspirações artísticas. Isso faz bem o gênero do Johns. O cenário musical anda tão carente de bons artistas que não quero sentir-me “órfã” e me despedir de uma banda tão estupenda que me proporcionou momentos inigualáveis de alegria e satisfação.

Por isso encerro essa postagem com uma das últimas gravações do Silverchair: um “B-side” desconhecido para a grande maioria do público. Confesso que não apreciei muito... Talvez por ser uma música criada na era Young Modern, o que faz a canção refletir as influencias dos anos 60, 70  soando algo meio nostálgico, característico dos Beatles. Não sei... Posso estar delirando, mas é uma opinião pessoal.

Escolhi essa música mais pelo conteúdo da letra do que pela melodia em si. É estranho, mas essa composição tem um “q” profético... Não sei se foi escrita propositalmente ou de uma forma inconsciente. Só sei que se enquadra perfeitamente nesta ocasião... Apenas sei que nós, fãs do Silverchair, “Não estamos sozinhos, mas sentimos sua falta"...



  We're Not Lonely But We Miss You





             Bye bye, don't cry, I hear you lying now that everyone is playing here in time
 My my, don't cry,I'm broken overtime I'm wide awake and never close my eyes
You don't wanna know what its like to be stuck like wind to bone
And I don't wanna know what its like to be left here on my own
 I wait to get you away from souvenirs these rumours here have never really shown
 I knew a man who sailed into Japan he said he wants to drown and be alone
You don't wanna know what its like to be stuck like wind to bone
And I don't wanna know what it's like to be left here on my own
 What's new, we're not lonely but we miss you.
Too bad, I'm glad, I'm never really sad, you need to know when you can pull the shift
Deny, that's why, I never say goodbye and every word's a temporary plea
You don't wanna know what its like to be stuck like wind to bone
And I don't wanna know what it's like to be left here on my own
You don't wanna know what its like to be stuck like wind to bone
And I don't wanna what it's liketo be left here on my own
What's new, we're not lonely but we miss you





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